sexta-feira, 2 de julho de 2010

Maria Rita Tom Jazz - 28/06

Texto, fotos e vídeos por Jéssica Rodrigues - @JeRPaz


Dias atrás acordei com uma música da Maria Rita na cabeça (quase como de costume). E no meio de pensamentos soltos que divagavam em minha mente me ocorreu que já tinha visto grande parte dos artistas os quais admiro no palco do pequeno, intimista e charmoso Tom Jazz e restava apenas uma nesta lista. A própria. Tal pensamento foi logo abstraído da minha mente, pois como uma cantora daquela grandiosidade poderia se apresentar num lugar tão pequeno e tão diferente dos palcos que enfrentara nos últimos 2 anos e meio com sua última turnê, a qual viajou do Oiapoque ao Chuí do Brasil (ou quase isso, rs) e encerrara com um sucesso esplêndido, deixando todos com gostinho de “quero mais”?!?!


Dois dias depois vejo num mesmo tweet postado por alguém que já não me lembro... as palavras ‘Tom Jazz’ e ‘Maria Rita’ e imagino logo que seja um equívoco. Mas vou verificar no site do local e não. Não era. Seria essa mais uma coincidência, destino, acaso, karma, dharma...??? Não sei que explicação ou nome dar a isso... se é que existe algum...

No dia seguinte corro comprar meu ingresso para dia 28... Segunda fileira do meio. Próximo. Bem próximo ao palco. Descubro que sou a pessoa mais feliz com ‘apenas’ um pedaço de papel na mão. Os dias seguintes serviram apenas de contagem regressiva para o tão sonhado show. Chega o dia da primeira apresentação no local (21/06/2010) e nas horas seguintes ao show vejo na minha timeline um bombardeio de adjetivos sobre o show. Os melhores possíveis. Ansiedade aumenta e não resisto. Antes mesmo de assistir ao show, volto para comprar ingresso para uma segunda data... A última (12/07)... E, três dias depois, para adquirir a que me faltava (05/07). Naquele momento eram apenas 3 papéis que me traziam a maior felicidade do mundo. Neste período, começaram a surgir inúmeras fotos e vídeos do show. Decido não ver nada. Decido não estragar a surpresa (ou me preservar para ela). Mas depois de grande insistência (não é, Fe?!) decido ver um, apenas um vídeo, e opto por “Cupido”. Descubro que sou capaz de permanecer exatos 4:30 minutos sem piscar. Sequer respirar. Emoção tamanha que me tirou o sono naquela noite.

O tão esperado dia se aproximava. E finalmente chegou. Dia de jogo do Brasil (o melhor até então) que vence o Chile. Me arrumo e parto rumo ao show carregando comigo uma felicidade incabível em mim. Chego cedo, afinal não podia me conter em casa. Conheço pessoas fantásticas, as quais só conhecia depois de uma “@ (arroba)” via twitter. Os minutos e a ansiedade caminham em velocidades opostas. Neste momento já desejava que as horas se prolongassem, pois sabia que após o início do show elas voariam. E como tudo que começa tem um fim, já desejava que o começo fosse retardado (no sentido de retardatário, rsss..). Mas isso não aconteceu.

As luzes se apagaram, entraram os músicos Tiago Costa, Silvinho Mazzuca e Cuca Teixeira (piano, baixo e bateria) e o palco recebe sua estrela maior. Sim. Esta, de fato, brilha mais que o sol. A grandiosidade da sua voz e interpretação nos toca rapidamente. A perplexidade diante da intensidade do show é capaz de calar nossas bocas cantantes. Cantar naquele momento soaria para nós mesmos como um insulto, um desrespeito diante de algo tão bom e exclusivo para os nosso ouvidos. Sua timidez é percebida ao encarar os olhos tão próximos de quem a admira e no momento em que utiliza o microfone para conversar com o público. Fora isso, mostra segurança, sorri, dança, brinca, faz caras e bocas, nos diverte e nos entorpece. E como acredito que sempre há uma música, ou um trecho de uma, que pode descrever muito bem um momento. Naquele momento a minha era: “Tinindo estou, curtindo estou /Criança chorando e sorrindo estou / Inquieta, tonta e encantada estou”. Vejo na minha frente uma artista como nenhuma outra. Que regressa a um pequeno palco para um mesmo estilo de show intimista que a consagrara depois de uma mega turnê de sucesso absoluto. Uma pessoa que se curva, por respeito, diante de seu público e banda. Que tem um comovente brilho no olhar e um sorriso no rosto que é percebido até no tom de sua voz. O show termina e fico com a sensação que parte de minha alma foi entregue naquele momento... Mas não sai perdendo. Não mesmo. Com certeza ganhei parte da alma da Maria Rita que foi entregue (sem dúvida) naquele show e tive que dividir com ‘apenas’ umas 199 pessoas. E ainda terei mais dois pedacinhos! Que felicidade e privilégio meu!